sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson


Era maio de 1974 e eu era um adolescente que gostava muito de música. Na medida em que se aproximava o grande show, eu andava cada vez mais tenso. O dia quatro estava chegando e eu não estava nem perto de conseguir metade do mil Cruzeiros exigidos pela caderneta de poupança Colméia,(se não me falha a memória) para que eu pudesse “conseguir “ o ingresso do um dos shows mais esperados do ano: Michael, Marlon, Randy, Tito e Jermaine, ou seja, o Jackson Five em carne e osso, cantando na cidade. O Michel era apenas um ano mais velho que eu, havia um mais novo que ele e era fantástico saber que jovens da minha geração, já faziam sucesso e tinham um encaminhamento profissional e eu nem sabia o que queria da vida.Suas músicas embalavam as nossas festinhas de domingo no PREVI, como chamávamos carinhosamente o clube dos Previdenciários, o qual freqüentávamos na qualidade de “penetras” honorários. Acho que foi a única coisa que eu consegui dançar em toda a minha vida, aquela dança quase parada, muito mais pra amasso,que pra dança. As primeiras tentativas de conquistas amorosas. Como era bom sentir o corpo de uma garota bem juntinho...
O dia quatro passou como uma tormenta. Eu via os meus amigos saindo cedo da “Duque quartorze” , nossa querida super quadra em Brasília, as meninas com as sua melhores roupas, visual caprichado. A marmanjada, todos arrumadinhos, com seus inseparáveis KICHUTES, seus jeans US TOP, ou suas calças de cetim. Com certeza, levando mais uns trocados no bolso para tomar um CRUSH. As mães faziam as últimas recomendações, algumas até da janela dos apartamentos mais baixos. Os pais mais cuidadosos e que tinham carro, levavam pessoalmente seus filhos e filhas pro dito show. Eu ali, embaixo do bloco, liso e desconsolado. Acho que todos foram, não sobrou ninguém (pelo menos visível) para conversar. Fiquei jogando uma partida de xadrez quase interminável, comigo mesmo e o tempo foi passando. O zelador do bloco, um nordestino rabugento ouvia um poderoso rádio TRANSGLOBE , igual ao da minha mãe. Como para aumentar o meu martírio, só tocava preciosidades: ABC,Ben, Music and Me, Got you be there... Ao mesmo tempo em que eram músicas extremamente prazerosas de se ouvir, aumentavam a minha angústia – I’D LIKE TO BE THERE! De repente, uma notícia extraordinária: O equipamento do conjunto Jackson Five embarcou com muito atraso no Rio de Janeiro...(eu dei um pulo , que desarrumou o tabuleiro )... o show de Brasília seria realizado no dia seguinte, às dezoito horas, e o mais importante - de portões abertos... Comecei a dar saltos cada vez maiores e socos no ar, como o Pelé, quando comemorava os seus gols. E olha que ainda teria uma boa grana para os refrigerantes e sanduiches... O zelador não entendeu nada, mas, acho que gostou da minha mudança de humor, que até me ajudou a catar as peças do jogo de xadrez. Mais tarde, fiquei olhando da janela do apartamento a chegada da turma. Eles ainda estavam confusos sobre os acontecimentos. Havia dúvida se no dia seguinte eles teriam apenas o seu dinheirinho na poupança. Eu não falava nada. Simplesmente, fazia um sinal de positivo com o polegar e tinha uma única certeza: no outro dia, eu estaria lá muito cedo.
No dia seguinte, fiz uma coisa que eu nunca tinha feito na vida. Almocei as onze horas da manhã . Ao meio dia eu já estava no Ginásio de Esportes, que, naquela época, ainda nem se chamava Nilson Nelson. Os portões ainda nem estavam abertos oficialmente, mas, já havia algum tumulto e nós fomos tentar uma outra alternativa que pudesse garantir logo a nossa presença no evento: conseguimos pular a janela de um dos banheiros e depois de percorrer os labirintos internos do ginásio, garantimos um bom lugar. Não sei porquê, ainda assim houve atraso, o que aumentava a ansiedade de todos. Para descontrair, a turma entoava algumas paródias e motes, quase todos ofensivos ao pessoal da Asa Norte, que até então era minoria. Nunca me esqueci de uma que era mais ou menos assim: a turma da Asa Norte é que é legal/ só dá menina doida e marginal/ agora eu vou ficar na minha/ vou dançar macumba e jogar minha bolinha... é claro que havia uma outra versão bem mais pesada pra insuportável musiquinha gravada pela dupla Deni e Dino chamada Eu te amo meu Brasil. As brincadeiras já estavam se esgotando e a impaciência chegando quando finalmente apagaram as luzes do ginásio e então deu-se a mágica: luzes coloridas, um som muito mais poderoso que aquele amplificador gradiente lá do PREVI, que nós achávamos até então, o máximo. Os rapazes entraram no palco e uma gritaria ensurdecedora, que momentaneamente ofuscou aquelas toneladas de equipamento, bendito equipamento, que graças a sua permanência demorada no Rio, me permitiu estar ali, naquele momento. Eles começaram com algumas mais rápidas, guardaram as baladas mais conhecidas para o auge do show. Quando o Michael começou a cantar Ben, foi um festival de beijos. Até gente que nem se conhecia entrou na onda do beijo. Eu acabei não sendo premiado, pois estava rodeado de marmanjos, não tinha pelo menos uma feiosa por perto. Nesse dia nem fez muita falta, o fato de estar ali, naquele momento, era o que importava, a magia de um grande show. Mal eu sabia, que seria seduzido por ela pro resto da minha vida. Depois da tempestade, enfim veio a bonança. O meu anjo da guarda havia dado um jeito de me ajudar...
O texto acima é parte de um livro chamado “Um anjo quase da guarda”, que foca, em boa parte a minha adolescência. Eu o iniciei no verão da virada do século, no Rio de Janeiro e ele ainda está inacabado. O processo é lento e eu não tenho pressa.
Hoje, me deparo com a morte do maior ídolo pop mundial. Sua vida passou por muitas transformações, ou melhor: nossas vidas passaram por muitas transformações. Nos anos oitenta, ele despontou com a carreira solo, produzido pelo também genial Quincy Jones.
Seus vídeo clips tornaram-se um divisor de águas e ajudaram definitivamente a estabelecer uma nova linguagem. Daí então, tudo dele tornou-se mega - as produções, de discos e clips, os shows, as transformações físicas, o assédio da imprensa, os escândalos...
Confesso que prefiro a fase inicial, quando ele ainda era negro e tinha uma voz doce, porém, reconheço a importância do trabalho solo, dentro de uma indústria na qual eu também passei a trabalhar. Esperamos, sinceramente, que essa alma supostamente atormentada encontre paz!

sábado, 25 de abril de 2009

Gilberto Gil

Gilberto Gil sempre teve um carinho especial pelo Pará. Há muito tempo atrás, após um show em Belém, resolveu ficar mais uns dias, mais precisamente num casarão antigo em Icoaraci, onde acabou compondo um de seus grandes sucessos chamado REFAZENDA...

Turma do Som

O povo do som rala bastante, mas também tem as suas recompensas. Uma delas é poder trabalhar num clima de cordialidade e companheirismo, como aconteceu no mais recente show do Gilberto Gil em Belém. Na foto, apareço junto com os amigos Leco Possolo e Odorico Nina Ribeiro. O Leco tem uma ligação muito forte com a música paraense. Já Gravou trabalhos com artistas como Nilson Chaves e Almirzinho Gabriel e sempre procurou conhecer a diversidade cultural do Pará....

sexta-feira, 27 de março de 2009

Bacana

"Eu não deveria estar presa, pois não represento risco para a sociedade..." Assim, a bacana, dona da boutique mais chique do país escreveu numa carta. Muito democrática, a moça e sua gang roubava democraticamente: Sonegava altíssimos impostos que serviriam aos pobres,para a saúde, merenda escolar, educação etc, mas também enganava os ricos com suas roupas superfaturadas na hora de vender. Será, mesmo, que ladrões de colarinho branco, longo e salto alto não representam perigo pra sociedade?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Trio Manari no Teatro W. Henrique


Encerramos o ano com chave de ouro. Nada mais amazônico que o som do Trio Manari. Tivemos o prazer de retornar ao Teatro Waldemar Henrique, casa pela qual temos um imenso carinho e de extrema importância para o desenvolvimento profissional meu e de muitos colegas do meio musical. Com o TWH totalmente lotado, o Trio manari, acompanhado de Adelbert Carneiro(Baixo), Edgar Matos(Teclados), Esdras de Souza(Sax e flauta), Suelene, Fábio e Daniel aAraujo (vocais), encantou o público com temas amazônicos, contando ainda com a participação do baixista Ney Conceição. Uma verdadeira festa dos ritmos amazônicos, Parabéns, TRIO MANARÍ.