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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Desde o governo FHC que o projeto para reequipar a Força Aérea Brasileira vem rolando. Nosso antigo mandatário empurrou o projeto FX-1 com a barriga para o seu sucessor. Nossos velhos Mirage III, adquiridos da França atingiram o seu tempo de vida útil, alguns servindo até como almoxarifado, para a reposição de peças dos últimos que ainda conseguiam voar. Numa ação quase desesperada, a FAB acabou pro comprar alguns Mirage 2000, como uma espécie de “caça-tampão” , enquanto o projeto FX-2 (como passou a ser chamada) não era concluído, o planalto central não poderia ficar sem vetores de defesa. Ainda não era o esperado, mas, já era um progresso em relação ao que tínhamos. Juntamente com alguns F5E-BR (antigos caças americanos modernizados) nossa força passava a ingressar no tão falado combate BVR ( além do alcance visual) , onde o míssil é disparado sem que o seu opositor esteja visível a olho nu, sendo detectado apenas pelo radar.
Pouco antes da conclusão dos oficiais da FAB, prevista para outubro, o Presidente Lula, diante do francês Nicola Sarcozi, num palanque, no dia da independência, ele anunciou um acordo estratégico com a França, onde o Brasil compraria a caça francês Rafale e alguns submarinos e em troca os franceses seriam bastantes generosos na transferência de tecnologia e ainda comprariam algumas unidade do avião de transporte militar KC-390, ainda na fase de projeto, concebido pela Embraer. Um “golpe de mestre” segundo alguns observadores mais apressadinhos. Já que os Estados Unidos boicotam sistematicamente as pretenções do Brasil de uma cadeira no conselho de segurança da ONU, nada mal seria uma aliança estratégica com uma potência européia. Tal alarde gerou alguns benefícios: As propostas dos outros concorrentes ficaram ainda mais generosas...
Passado o alarde e as criticas positivas e negativas restava a avaliação técnica da Força Aérea, comenta-se que escolhido pelo presidente não foi eleito na avaliação inicial da FAB, levando-se em conta diversos aspectos, inclusive o off-set. Eis o impasse. É claro que a palavra final é do Sr. Presidente, reforçada pelo seu ministro da defesa – A decisão é política!
Não podemos esquecer a história, nossa velha aliada. Dois dos nossos proponentes, já são tradicionais fornecedores de armas para o Brasil. Os americanos com o maior volume de vendas, na maioria, fornecendo-nos equipamentos de segunda linha, já sem uso nas suas forças. Alem disso, a venda de mísseis de primeira linha sempre foi sujeita a vetos e liberações do congresso americano, conforme o vento dos seus interesses. Justiça seja feita: Todos os acordos e contratos assinados foram cumpridos e honrados. Outra vantagem: O caça que nos é oferecido, é hoje o caça de primeira linha da US Navy, funcionando muito bem, comprovadamente na aviação embarcada, o que seria também benéfico para equipar futuramente a nossa Marinha, trazendo muitas vantagens como um intercâmbio entre a MB e a FAB, como manutenção, simuladores, treinamento etc. Alem disso, os manuais de procedimentos e a documentação fornecida pelos americanos é bastante completa sobre o equipamento fornecido.
Os franceses nos forneceram os Mirage III e agora os Mirage 2000.
Os oficiais mais antigos da Força sabem muito bem das dificuldades dos acordos com os franceses. Foram quase trinta anos de sofrimento com manutenção, armas e peças de reposição para os Mirage III. Felizmente, pouco precisamos deles, alem do evento da invasão do espaço aéreo brasileiro por um avião de transporte cubano, a caminho de Buenos Aires, brilhantemente interceptado por caças da FAB, mesmo com um deles apresentando problemas. A documentação técnica e os manuais de procedimento fornecidos até então sempre foram um tanto superficiais e incompletos. O caça francês oferecido, não só tem o preço mais caro, como também o custo de manutenção e a hora voada mais caros dos três concorrentes ao projeto FX-2. Ou seja: uma fortuna para comprar e uma fortuna para manter.
O concorrente sueco, o Gripen-NG, ainda está em projeto, embora o seu antecessor tenha sido um sucesso. Alguns torcem o nariz para o fato da versão NG ainda ser projeto, sem ter voado. Outros acham tal condição vantajosa, pois poderíamos participar efetivamente ainda na fase inicial de realização do projeto, aumentando o nosso conhecimento e participação em decisões. O fato da Suécia ser um pais que sempre manteve uma certa independência, também é tranqüilizador, com relação a embargos de armas e componentes, embora o Gripen também use mísseis americanos. Alguns críticos do Gripen-NG torcem o nariz para o fato de ele ser monomotor, outros vêem o fator monomotor como uma vantagem- o consumo de combustível é menor, o que contribui, alem de outros fatores, pela a diminuição do custo de hora voada, bem como a manutenção de custo mais baixo.
Até então sabíamos que os três aviões supriam os requisitos da FAB, que a decisão final seria no off-set, ou seja, a transferência de tecnologia e participação no projeto de construção, adaptação e montagem...Agora vêm a tal da “decisão política”- hora de tomada de uma decisão bem pensada, os subsídios estão aí. Bon apetit Presidente!
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