Passei o último final de semana das férias em Mosqueiro. Literalmente descançando. Uma virose fortíssima me pegou e eu fiquei de cama. Perdi a praia, o passeio na pracinha, mas não me importei. Mergulhei de cabeça no livro que eu havia levado. Interrompia a leitura apenas eventualmente, para fazer uma comidinha, cuidar dos filhos, enfim, essas coisas imprescindíveis. O ônibus que me trouxe de volta se arrastou em minutos intermináveis na praia do Morubira, a praia dos bacanas, com seus carrões dotados de potentes sistemas de som ( e fábrica de distorção). Parecia que quanto maior era o dinheiro investido no veículo e no som, maior o mau-gosto musical. Tecno-bregas dos mais rasteiros, rimas paupérrimas, atentados gramaticais etc. Testemunhei uma cena estarrecedora: uma jovem tentava falar ao celular exatamente em frente ao porta-mala de um carro que vomitava mais de 120 decibéis de porcaria musical...em breve estará procurando um especialista e constatará uma perda significativa na audição. Tola - não se preocupa nem com quantidade, nem com qualidade.
Finalmente, o nosso ônibus consegui passar por aquele inferno e prosseguimos a viagem em paz. Retomei a minha leitura feliz. Decorrido um tempo notei que uma fiscal da empresa de transportes, solicitava os bilhetes de passagem para fazer a conferência. Ao se aproximar de mim ela comentou:
_ Durante o tempo em que trabalho aquí, é a primeira vez que eu vejo um passageiro mergulhado tão intensamente em sua leitura, ainda mais com um bom livro e um bom autor...
O comentário me tirou a sensação de embrulho no estômago, que o mau-gosto explícito do Murubira havia deixado!
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