quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Centro cultural na Amazônia


Quem é, de alguma forma antenado com o que acontece no meio cultural no Brasil, já percebeu que muitas instituições fazem questão de ter seu nome ligado a algum tipo de atividade cultural. Muitos espaços que eram dedicados a apresentações musicais, como o Metropolitan, no Rio e o Palace em São Paulo, tiveram seus nomes mudados depois de incorporados de alguma forma a oparadoras de telefonia ou instituições financeiras. Poderíamos pensar: _ Tudo bem, é mais um paradigma do marketing que hoje impera... Se de alguma forma elas querem agregar valor às sua marcas, atrelando-os a algum tipo de atividade cultural, ainda que sem maior aprofundamento, sem um compromisso maior com a sociedade brasileira como um todo, é problema delas...afinal são empresas privadas, não teriam, digamos, obrigação, embora, tenhamos também, instituições privadas, com um grau de comprometimento com a causa cultural muito bom e com (pelo menos em parte) uma relativa democratização de seus editais e concursos. Se formos olhar o lado das ditas "empresas mixtas", onde boa parte do dinheiro é nossa, do contribuinte brasileiro, e se não esquecermos que o Brasil é formado por 26 estados federados e um distrito federal, a coisa não difere muito do que vem sendo feito pela iniciativa privada.
Vejamos algumas: O Centro cultural Banco do Brasil abrange Brasília, Rio e São Paulo . É reividicada a criação de um CCBB em Recife. Na Amazônia, NADA... O seu grande evento nacional, o Circuito Cultural Banco do Brasil, paga (quando paga) cachês quase miseráveis para atrações locais, enquanto viaja com "estrelas" do cenário nacional, com cachês bem gordinhos. A Caixa Econômica tem centros culturais no Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo, Brasília, apoiou algumas reformas de espaços, instituindo um centro cultural em Salvador. Dizem ter verbas aprovadas para criar centros culturais em Fortaleza, Recife e Porto Alegre. Na Amazônia, NADA.
Será que a força cultural da Amazônia ainda não foi percebida pelo tais dirigentes dessas instituições, ou, pelo menos dos gestores da área de cultura dessas instituições? Será que eles desconfiam que embaixo dessa floresta, que todos dizem ser um patrimônio da humanidade, também existe um patrimônio cultural de uma diversidade imensa? Seriam eles cegos, surdos? O centavo do suor do contribuinte da Amazônia vale menos que o centavo do contribuinte de outras regiões? Mesmo instituições que heroicamente impulsionavam a cultura da região, como o nosso glorioso Banco da Amazônia, estão sumidos do mapa... E as grandes mineradoras, que tanto se beneficiam das nossas riquezas . A parcela de investimentos na área cultural é infima, diante do imenso lucro que a Amazônia lhes gera. Seria muito bom termos um centro cultural em Marabá, construido pela mineradora que tanto lucra com a região do sul do Pará. Já pensou se o Banco da Amazônia construisse centros culturais em Rio Branco, Porto Velho, Santarém, Boa Vista e um centro voltado para a cultura negra do Amapá com verbas Federais? E se Manaus recebesse um centro Cultural beneficiada pelos barões do polo industrial e da zona franca?
Vou sonhando, que um dia essa realidade muda...
enquanto isso, na Amazônia, NADA! Valha-nos que?

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